pensar fora da Caixa (volume II)

Conhecimento traz consigo um vício. Petulância... 


Ora bolas. Vivemos no século XXI. E entre outras coisas, o tanto de informação que acumulamos nos deixou um tanto quanto tapados. Achar que temos informação sobrando (o que não é grande coisa, diga-se de passagem) faz com boa parte de nós se dê o direito de achar que sabe o que é melhor ou não, para outros de nós. Socialistas que brigam com Capitalistas, que discordam dos Judeus, que guerreiam com Muçulmanos, que não se entendem com os Curdos e por aí vamos. No final das contas a culpa é toda do Bullying!

Não. Eu não vou começar um discurso humanista chato sobre como somos todos iguais como raça humana, e por causa disso devemos todos nos unir sob a égide do progresso e união e coisas do tipo. Somos diferentes. Somos (muito) estranhos. E estamos absolutamente perdidos no meio de nós mesmos. Isso não é necessariamente bom e nem ruim. Mas acontece. Começamos a nos perder na abundância de coisas que nós mesmos criamos. E principalmente nos ideais que acabaram se alastrando junto com os nossos "tão maravilhosos" meios de comunicação. Tem comida sendo produzida no mundo de maneira suficiente para que todos possam comer. E mesmo assim temos gente que passa fome. E eu não me refiro só à África. As zonas metropolitanas de qualquer uma das capitais brasileiras a que se dê a honraria de cidade grande estão cheias de gente que passam outros tipos de fome. A marca da comida que está na sua geladeira talvez diga muito mais sobre você do que você imagina.

A informação se acumula principalmente por que a história da humanidade se acumula. E isso quer dizer que sabemos cada vez mais sobre nós mesmos. Mas não da mesma forma, isso significa que todos nós façamos alguma reflexão sobre esse acumulo. Existem pobrezas de diferentes tipos pra pobres e pra ricos. Ricos de alguns lados do mundo não estão nas mesmas classes sociais de ricos das outras partes do mundo. Não existe só o Socialismo e nem só o Capitalismo. Aliás, se você olhar com calma. O Capitalismo não é mais o mesmo, nem da maneira como começou nem nos diferentes lugares onde existe. Afinal de contas, o que é que existe de puro e ideal de verdade no mundo?

sobre o que eu quero ser quando eu crescer

Existem algumas coisas interessantes que eu mesmo me pergunto bastante. Digo isso, por que em fins de graduação, tenho me perguntado bastante que tipo de "Cientista Social" eu quero ser.


Essa história de ser sociólogo, ou pesquisador ou (a pior parte de tudo isso) ter um diploma que "prove" que você é intelectual é bem bizarra. Isso por que, ser intelectual no Brasil é fácil. Você estuda e lê um monte de coisa que ninguém sabe o que é ou que existe e por causa disso as pessoas te respeitam. Você tem a vantagem de falar sobre o que ninguém fala, e isso ninguém tira de você, mas isso adianta de alguma coisa? A ironia é exatamente essa. Em poucos casos, as pessoas tem alguma noção sobre o que você está falando, e exatamente por isso a opinião de um respeitável sociólogo/antropólogo/cientista político acaba virando na mesma hora curiosidade que sabe se lá por quantos segundos merece alguma reflexão. Se a idéia não vira discussão, se não existe alguma reflexão no que é estudado, o cientista social não está servindo pra absolutamente nada.


O cara pode ter um currículo lattes do tamanho do Volume I do Capital do velho e barbudo Marx, mas se o que ele tentar discutir ou explicar não reverberar, não adianta. Não há conhecimento nenhum que se sustente sem discussão e reflexão. Conhecimento de Ciência Social que só repercute dentro dos seus então é piada. 


Mas aí dialogar com quem? Estima-se que três em cada quatro brasileiros sejam analfabetos funcionais. Como você vai explicar pra uma pessoa que não sabe interpretar um texto o que é Cibercultura e Ética Hacker?


Ainda bem que eu tenho bastante perguntas. Isso evita que eu fique sem ter com o que estar preocupado.

pensar fora da caixa (volume I)

Tem algumas expressões da língua inglesa que e acho deveras interessante. Uma delas é "think out off the box". Pense fora da caixa. Falo isso porque em alguns momentos fico deveras incomodado com a maneira como as pessoas lidam com uma "inovação", uma "grande idéia" e principalmente como lidam com um "clássico". 

A pergunta que eu sempre me faço é: Por que cargas d'água eu sou obrigado a gostar de um clássico? Eu gosto de Rock Progressivo mas não gosto de Pink Floyd. A questão importante é por que um clássico é importante. Na época em que eles gravaram seus grandes sucessos eles foram importante e criaram influências fortes para as bandas que eu atualmente ouço do estilo, mas e daí? Até onde uma ideia é ou não é de alguém? Influenciar alguém não quer dizer (ou muito menos deve significar) que você seja dono ou responsável por aquilo que as pessoas que você influencia fazem ou deixam de fazer. 

Érico Veríssimo foi um dos grandes escritores brasileiros e seu filho é um dos grandes escritores ainda vivos mas até onde vai a influência do pai no trabalho do filho? Até onde vai a influência da biblioteca enorme que deixava a disposição de seu filho?

Querem ver outra discussão inútil? Fãs de Guerra nas Estrelas e de Jornada nas Estrelas. Duas importantíssimas sagas da ficção científica com ricos e interessantíssimos elementos. Anteriormente a disputa era mais acirrada, pois não era possível (e pra muita gente ainda não é) gostar das duas da mesma forma. O bizarro disso tudo é que nossa vida com sei lá quantos mil anos de vida ainda é baseada em como não mensuramos opiniões.

Afinal você que não concorda comigo tem esse direito. Diga o que você pensa, mas se preocupe também em tentar entender o porque de você pensar dessa forma.

tudo começa com leitura

Os lançamentos de iPad's, eReaders e Kindle's da vida estão deixando a comunidade online inquieta. Por-quê? Se você passou os últimos anos escondido em uma caverna volte pra superfície e se informe. O Google te ajuda, nisso. Vou só fazer aqui um apanhado do que está acontecendo por volta disso.


A maneira como se reproduz informação está mudando. De diversas formas e como manda o corolário "pós-moderno" (substitua as aspas por qualquer definição da contemporaneidade de sua preferência). Por exemplo, o Jornal do Brasil se tornou o primeiro jornal totalmente online do Brasil. E começaram a chegar em terras tupiniquins recentemente modelos de eReaders. Aparelhos eletrônicos desenvolvidos especificamente para leitura de eBooks. Feitos pra que você não canse seus lindos olhos lendo arquivos de livros digitais. Nada demais até aí, certo? O pulo do gato dessa história toda foi dado por uma pequena aplicaçãozinha gratuita que surgiu quase que junto com o lançamento do iPad. Falo desse negocinho melhor explicado no vídeo abaixo. Flipboard.
Sim genial, não? Conseguiram de novo. Reinventaram a roda! Ou não. A Flipboard segue um modelo de inovação muito comum em tempos de mídias digitais e redes sociais. A readaptação de uma coisa que já existia para uma coisa não inteiramente nova. Mas sim que tenha aplicação mais imediata. O novo mote das startups de tecnologia é o conteúdo social. A Flipboard é uma revista em que o conteúdo ali mostrado não precisa ser editado, revisado ou muito menos pago. Como diz o tiozinho no vídeo: "A Flipboard sabe o que você gosta porque ela sabe quem você conhece." Simples assim. Diga-me com quem tu andas que eu te direi quem és. Isso numa versão bem enxuta e bem aplicada à lá Web 2.0. E isso a Web 2.0 já jaz há algum tempo. Antes da Flipboard (e com bem menos repercussão, diga-se de passagem) já existia outra ferramenta disponível para usuários do twitter. A paper.li que promete a opção de você ler as atualizações de coisas que o interessam na rede do passarinho azul como um jornal. Legal não? Muito... E daí?


Vou voltar dois passos pra trás agora. Qual foi último jornal que vocês leram? Qual o último livro? E qual foi a última coisa que vocês ESCREVERAM? Sim. A internet é uma grande fonte de informação. Uma fonte infindável. Mas quem é que escreve esse monte de coisa? Afinal quantidade de informação é a mesma coisa que quantidade de coisa escrita na internet? Não, não são... A internet é linda maravilhosa e a nova galinha dos olhos de ouro, mas você pode aproveitar melhor do conteúdo que ela oferece sabendo de um pequeno segredinho que eu vou te dizer agora.
A internet, a blogosfera, a twittosfera, as wikis e todo conteúdo dentro da internet segue um princípio. O princípio 90:9:1. Ele foi cunhada por dois consultores de administração gringos que estudaram e acompanharam o desenvolvimento da Wikipédia. (o Blog dos dois e mais informações sobre eles aqui) Resumidamente, a regra diz que:
  • 90% dos usuários da rede constituem a audiência. Ou seja, é quem só lê certa informação. É quem a absorve.
  • 9% dos usuários são editores. É quem mais distribui, organiza e repassa informação.
  • 1% dos usuários são criadores de fato.
 Sacou? Estes dados foram coletados com relação à Wikipédia, mas com o desenrolar dos estudos da dupla, eles perceberam que isso acontecia não só no exemplo mais bem sucedido de comunidade wiki que existia na época do estudo (foi só concluído em 2006). O que eles descobriram, é que o Princípio 90:9:1 permeia toda a rede. Mais e mais confirmações sobre isso foram surgindo. No twitter por exemplo, só 1/5 das contas é considerada ativa. Analisando melhor você vai esbarrar em alguma coisa próxima do 90:9:1. Isso é importante pra que as pessoas entendam sobre o que se fala da internet. A produção de conteúdo digital ainda é restrita. A audiência e a colaboração ainda é muito grande, e é preciso se saber disso antes de tentar entender a rede.


Voltando pro assunto anterior. Formas inovadoras de se distribuir informação vão continuar surgindo, o que é importante é como tornar isso útil pras pessoas. Muita informação nem sempre quer dizer muito conteúdo. O Flipboard é legal. Tem muitas informações úteis soltas por aí na internet. Redes Sociais são legais, mas não são tudo. O mais importante é que a audiência (aqueles 90%) saibam separar esse conteúdo. Saibam identificá-lo. Esse é um problema que precede a entrada como usuário da rede. Ou então esses 90% vão ser todos trolls. Vão saber só #xingarmuitonotwitter.

as Ciências também evelhecem

Como aluno de graduação em Ciências Sociais que está (ou deveria estar) prestes a se formar eu tenho me preocupado bastante com como vão se formando as opiniões sobre o ofício de Antropólogo/Sociólogo/Cientista Político. Até aí, nada demais, certo? É perfeitamente comum. Pra isso recorri ao meio que qualquer ser humano que não passou mais de 10 anos congelado usaria. Dá-lhe Google. Pesquisando no referido oráculo sobre Sociologia que você acha? Palpites? Basicamente definições gerais sobre o assunto. Alguns textos direcionados a professores e para a área de educação. Pesquisando sobre Antropologia os resultados diferem um pouco o foco. Resultados de editoras universitárias e instituições públicas. Na pesquisa por Ciência Polítca os resultados ficam pela mesma profundidade. Você com calma acha outras informações. Mas eu falo mais adiante sobre isso.

O curioso de verdade foi quando eu fiz a minha pesquisa no twitter. Aí sim eu tive opiniões interessantes sobre as três mais conhecidas C. Sociais.

Boa parte dos comentários (os sobre a sociologia principalmente) são sobre como a sociologia é chata ou difícil. Os comentários sobre antropologia ficam num limbo entre uma coisa legal e interessante, mas daqueles assuntos que (parecem) não ter uma utilidade de fato. No caso da ciência política também comentários de chatice. Quer ver? Fiz um Top 5 com os mais "enfáticos".
 













Antes que você diga, existem sim alguns (poucos) comentários de gente falando que gosta e se interessa pelo assunto, mas uma das várias coisas que eu me pergunto, é qual é a relevância de um intelectual da minha futura profissão atualmente? O Brasil têm problemas sérios de educação, isso não é novidade pra ninguém. Está longe de ser um país de leitores. Aí eu penso: vou me formar ano que vem. Começar a procurar mestrado, e se der, seguir carreira como pesquisador. Será? As ciências sociais tem importância pra quem as conhece, mas pra uma boa (grande) parte das pessoas ciências sociais ainda tem alguma coisa a ver com serviço social. Minha família que desde cedo incentivou meu hábito de leitura ainda olha pra minha estante de livros e fica com cara de paisagem lendo os títulos.

Aí eu fui procurar informação na rede. Claro na internet tem de tudo. Não havia a possibilidade de não achar algum comentário. Foi a primeira vez que tive a ideia de fazer essa pesquisa informal no twitter que eu citei ali em cima. Procurei fóruns de sociologia. Sabem o que eu achei? Googlei "fórum sociologia" e caí neste link aqui. Clicou? Irônico e tragicômico. Ok, eu faço graduação no assunto. Entendo o que é sociologia. Li alguns dos links desses que aparecem na desciclopédia e achei algumas piadas divertidas, mas agora imaginem um aluno de ensino médio que não sabe picas do que é esse tal de estudo de sociedade e cai na desciclopédia? Não é a fonte mais confiável, né? Se você pesquisar com calma vai descobrir que mais de 80% das pessoas não vai além da primeira página ao fazer uma pesquisa no Google. Então o nosso hipotético Juquinha não vai muito além da postagem da desciclopédia. Entendeu o problema? Pesquisando blog de sociologia você tem resultados mais vastos, mas aí a linguagem usada nos blogs é deveras acadêmica. E isso não ajuda muito.

Tá bom, Michel. Onde você quer chegar?

Simples. Houve uma luta muito grande para trazer o ensino de Sociologia de volta ao Ensino Médio. Em alguns lugares ele já está inclusive no Ensino Fundamental. E será que não está na hora de nós modernizarmos a nossa linguagem? Eu não falo só de remodelar as aulas dadas em sala. Aprendizado não acontece só em sala. Inclusive, atualmente aprendizado de qualquer coisa se dá menos dentro de sala de aula. Eu me refiro a coisa toda. Quer mais um exemplo? Pegue a revista "Sociologia" publicada mensalmente pela editora Escala e dê a um aluno para que ele leia. Ele vai ter sono. Eu mesmo tenho sono lendo aquela revista. Aquilo é feito para PROFESSORES. Os (poucos) blogs que existem sobre o assunto também tem este foco. Nós cientistas sociais falamos para nós mesmos. Ponto final. Simples assim. A culpa é de todas as gerações passadas e da nossa atual.

Durmam com essa.

E olha que existem várias coisas a serem feitas. Agente empaca na maneira como falamos. Com a abundância de fontes de informação jorrando eu acho meio improvável que não exista ninguém focado nisso. As hipermídias, redes sociais, mídias digitais e mais um monte de coisa que estão pulando pela internet por aí pedem pra ser usadas. A sociedade que tentamos acompanhar muda tão rápido que se cientistas sociais e intelectuais continuarem falando como se estivessem publicando no começo do século passado vão todos ser extintos. E pior. Estudo, reflexão e crítica vão ficar cada vez mais desvalorizados.

Um pouco sobre o lugar onde estamos

Todo mundo tem suas formas de entender o mundo. Obviamente, eu também tenho as minhas e é inevitável que em algum momento eu vá falar sobre algumas delas. Comecemos, então.

Quer uma exemplo mais simples? Para mim às vezes parece que está todo mundo só se trombando por aí… E não, isso não tem ligação com entendimentos de “desumanização”, ou ofuscamento do saber humano ou nada disso. Eu vejo o problema é para mim num estágio anterior. Vivemos imersos em várias coisas. Posses, objetos, sentimentos, opiniões, ligações e pseudo-relações. Isso nos afasta de nós mesmos? Pode ser. Provavelmente sim.

Quando foi a última vez que você olhou pra uma pessoa? Quando é que nós realmente olhamos para as pessoas? Chegamos ao ponto de que demonstrar fraquezas é a maior das fraquezas… O Olhar virou só uma casualidade. Talvez o tal do amor à primeira vista exista por causa disso. Talvez ele também não exista por causa disso…

E aí, o que uma coisa tem a ver com outra? Nada. Mas eu tava sem ter o que dizer, e disse… Ou nesse caso escrevi. Mas essa coisa de ver e não ver é meio maluca demais, não? Tipo, segundo aquela idéia maluca do titio Einstein a noção de tempo como nós concebemos é absurda. O tempo é uma distorção de realidade que acelera ou desacelera (ou acelera mais ainda e acaba desacelerando por causa disso) conforme a velocidade. Então se você fosse de luz, você veria tudo acontecendo ao mesmo tempo. Tipo o Dr. Manhattan… Mas ele é fodão, ele pode.

Enfim, como diz o ditado “ars est celare artem”, e eu vou pensar no tempo espaço por aqui.



Apesar de que se eu juntar à essa coisa maluca de tempo, passado, presente e o resto com uma certa teoria de coisa caóticas (ou do caos mesmo), a coisa fica mais complicada ainda, porque aí tudo seguiria um padrão. Ou vários padrões ao mesmo tempo… Ou tudo sem padrão nenhum, que aí já seria um padrão único, certo?

É… Confuso demais isso…
Eu tava falando do que mesmo?