Como aluno de graduação em Ciências Sociais que está (ou deveria estar) prestes a se formar eu tenho me preocupado bastante com como vão se formando as opiniões sobre o ofício de Antropólogo/Sociólogo/Cientista Político. Até aí, nada demais, certo? É perfeitamente comum. Pra isso recorri ao meio que qualquer ser humano que não passou mais de 10 anos congelado usaria. Dá-lhe Google. Pesquisando no referido oráculo sobre Sociologia que você acha? Palpites? Basicamente definições gerais sobre o assunto. Alguns textos direcionados a professores e para a área de educação. Pesquisando sobre Antropologia os resultados diferem um pouco o foco. Resultados de editoras universitárias e instituições públicas. Na pesquisa por Ciência Polítca os resultados ficam pela mesma profundidade. Você com calma acha outras informações. Mas eu falo mais adiante sobre isso.
O curioso de verdade foi quando eu fiz a minha pesquisa no twitter. Aí sim eu tive opiniões interessantes sobre as três mais conhecidas C. Sociais.
Boa parte dos comentários (os sobre a sociologia principalmente) são sobre como a sociologia é chata ou difícil. Os comentários sobre antropologia ficam num limbo entre uma coisa legal e interessante, mas daqueles assuntos que (parecem) não ter uma utilidade de fato. No caso da ciência política também comentários de chatice. Quer ver? Fiz um
Top 5 com os mais "enfáticos".
Antes que você diga, existem sim alguns (poucos) comentários de gente falando que gosta e se interessa pelo assunto, mas uma das várias coisas que eu me pergunto, é qual é a relevância de um intelectual da minha futura profissão atualmente? O Brasil têm problemas sérios de educação, isso não é novidade pra ninguém. Está longe de ser um país de leitores. Aí eu penso: vou me formar ano que vem. Começar a procurar mestrado, e se der, seguir carreira como pesquisador. Será? As ciências sociais tem importância pra quem as conhece, mas pra uma boa (grande) parte das pessoas ciências sociais ainda tem alguma coisa a ver com serviço social. Minha família que desde cedo incentivou meu hábito de leitura ainda olha pra minha estante de livros e fica com cara de paisagem lendo os títulos.
Aí eu fui procurar informação na rede. Claro na internet tem de tudo. Não havia a possibilidade de não achar algum comentário. Foi a primeira vez que tive a ideia de fazer essa pesquisa informal no twitter que eu citei ali em cima. Procurei fóruns de sociologia. Sabem o que eu achei?
Googlei "fórum sociologia" e caí neste link
aqui. Clicou? Irônico e tragicômico. Ok, eu faço graduação no assunto. Entendo o que é sociologia. Li alguns dos links desses que aparecem na desciclopédia e achei algumas piadas divertidas, mas agora imaginem um aluno de ensino médio que não sabe picas do que é esse tal de estudo de sociedade e cai na desciclopédia? Não é a fonte mais confiável, né? Se você pesquisar com calma vai descobrir que mais de 80% das pessoas não vai além da primeira página ao fazer uma pesquisa no Google. Então o nosso hipotético
Juquinha não vai muito além da postagem da desciclopédia. Entendeu o problema? Pesquisando blog de sociologia você tem resultados mais vastos, mas aí a linguagem usada nos blogs é deveras acadêmica. E isso não ajuda muito.
Tá bom, Michel. Onde você quer chegar?
Simples. Houve uma luta muito grande para trazer o ensino de Sociologia de volta ao Ensino Médio. Em alguns lugares ele já está inclusive no Ensino Fundamental. E será que não está na hora de nós modernizarmos a nossa linguagem? Eu não falo só de remodelar as aulas dadas em sala. Aprendizado não acontece só em sala. Inclusive, atualmente aprendizado de qualquer coisa se dá menos dentro de sala de aula. Eu me refiro a coisa toda. Quer mais um exemplo? Pegue a revista "Sociologia" publicada mensalmente pela editora Escala e dê a um aluno para que ele leia. Ele vai ter sono. Eu mesmo tenho sono lendo aquela revista. Aquilo é feito para PROFESSORES. Os (poucos) blogs que existem sobre o assunto também tem este foco. Nós cientistas sociais falamos para nós mesmos. Ponto final. Simples assim. A culpa é de todas as gerações passadas e da nossa atual.
Durmam com essa.
E olha que existem várias coisas a serem feitas. Agente empaca na maneira como falamos. Com a abundância de fontes de informação jorrando eu acho meio improvável que não exista ninguém focado nisso. As
hipermídias, redes sociais, mídias digitais e mais um monte de coisa que estão pulando pela internet por aí pedem pra ser usadas. A sociedade que tentamos acompanhar muda tão rápido que se cientistas sociais e intelectuais continuarem falando como se estivessem publicando no começo do século passado vão todos ser extintos. E pior. Estudo, reflexão e crítica vão ficar cada vez mais desvalorizados.